terça-feira, 18 de julho de 2017

Angel

Capítulo quatro 

Preto, preto, preto. Branco, branco, branco.... Amarelo. Sorrio pegando o vestido. Ponho em frente ao corpo e olho no espelho. Sempre dizem que eu fico bem de amarelo por causa do meu cabelo. Ficar bem é uma das minhas prioridades na vida. Não é porque eu não sou a pessoa mais popular do mundo que eu tenho que ser desconhecida e mal vestida.
Coloco o vestido e sento na pentiadeira, penteando o cabelo. As vezes ele fica liso demais e outras vezes meio ondulado, hoje ele está liso demais. Termino e deixo de lado a escova, começo a fazer uma maquiagem leve pra passar a noite e termino com o batom rosa claro. Estou pronta. Saio do quarto e desço as escadas. Sento na mesa de jantar e espero até que alguém apareça. Hoje é um dia especial, aniversário do meu pai. Todos os anos ele evita fazer uma grande festa, pedindo só um bom jantar em família. E hoje fiz questão de ser a primeira a descer. Escuto os passos na escada e olho para trás. Sorrio abertamente, e levanto indo até ele. 
- Parabéns, papai- O abraço apertado, ele retribui o abraço com um sorriso nos lábios
- Obrigado, princesinha! 
- Ora ora! Não comecem a festa sem mim!- Olhamos para a escada a tempo de ver minha terminar de descer os últimos degraus da escada e se aproximar
-Não é bem uma festa, querida
-Celebrar mais um ano sempre é uma festa, meu bem- Ela sorriu e eles trocaram um selinho- A mesa está linda, Catarina dessa vez se superou!
- Ela sempre se supera a cada ano- comentei
- É verdade, vamos comer? Parece estar tudo muito delicioso- Meu pai falou e nós afirmamos juntas, sentando a mesa
- Vamos sim, querido
Meu pai se adiantou para puxar a cadeira para minha mãe
- Obrigada, querido - Ela sorriu 
- De nada- Ele se sentou. Observo eles com um sorriso, sempre quis encontrar alguém que me trate tão bem quanto meu pai trata minha mãe. Na verdade eu já tenho essa pessoa, só basta ele também perceber que eu sou a menina perfeita para ele. Com os pratos já servidos, nós começamos a comer e a conversar sobre coisas aleatórias. Meu pai contava as paidas de sempre fazendo minha mãe e eu rir.
- Gosto de você de amarelo, Aurora. Valoriza seu cabelo- Ele diz, depois de contar a sua última piada. Olhei para mim mesma sorrindo com o acerto da escolha 
- Obrigada, papai
- Nossa filha tem um excelente gosto!- Minha mãe fala, também com um sorriso
- Eu herdei de você- Pisco pra ela que pisca pra mim de volta. Nosso famoso toque de cumplicidade.
- Com licença- Catarina diz, entrando na sala. Ela trabalha com a gente desde que eu era bebê
- Pra você toda, Catarina. E muito obrigado, tudo estava muito delicioso
- O senhor merece! Posso retirar os pratos para servir a sobremesa? - Nós afirmamos e assim ela fez. Olho para a sobremesa, bolo de chocolate. 
- hmmmm Parece estar melhor  ainda que o jantar- Ponho um pedaço no prato, provando  e balanço a cabeça- Magnífico!
- Concordo plenamente -Meu pai fala ao terminar de mastigar
-É o favorito de vocês- Minha mãe ri e prova o seu pedaço- Hmmmm parabéns Catarina, tudo está divino hoje!- Catarina ri e faz uma reverência
- Obrigada, obrigada. Agora se me dão licença...- Nós assentimos e ela se retirou. Terminamos de comer o bolo que estava maravilhoso, com direito a repetir só a cobertura. Entregamos os presentes a meu pai e ele agradeceu, paraceu estar bem, o que também me deixa feliz. Ele voltou a contar piadas enquanto tomava uma última taça de vinho com minha mãe. Depois de tantas risadas, eles se levantam anunciando que vão se recolher
- Boa noite, princesa. Não vá dormir muito tarde que amanhã tem aula - Meus pais me dão um beijo na testa
- Pode deixar, general!- rio- Boa noite, e parabéns de novo, papai- sorrio
- Obrigado- Ele sorri e acena junto com a minha mãe. Eles saíram da sala menor pra onde tínhamos ido depois do jantar e fiquei olhando para eles até que os perdi de vista, quando começaram a subir as escadas. Me sento novamente no sofá e abraço uma almofada, encostando a cabeça no sofá. Fecho os olhos e aperto a almofada. Hoje a noite foi muito boa e eu não quero que isso acabe amanhã. Por mim as vezes eu poderia fazer estudo domiciliar , mas meus pais não deixam, dizem que a socialização é importante. Mal eles sabem que eu não tenho quase nenhuma socialização, graças ao que aconteceu quando eu era menor. Quando eu era pequena eu tive um problema de saúde, e enquanto eu estava em casa fazendo o tratamento necessário, a notícia se espalhou pela escola. A outras crianças disseram que era algo nojento e contagioso, por mais que eu dissesse que não era e que de fato não fosse, eles preferiam curtir a brincadeira de fugir de mim, de se afastar e sentir nojo de mim, preferiram me isolar na doença terrível que criaram pra mim, preferiram me ignorar e acreditar nas fofocas maldosas que contavam do que em mim.  E quando eu voltei pra escola, finalmente descobri que não tinha mais nenhum amiguinho e até hoje não tenho, parece que eles ainda tem medo de pegar doença ou sei lá mais o que..... Enfim. A escola nem sempre é fácil. As pessoas não são fáceis.  Ainda mais quando você  Vê a pessoa que ama se agarrando com cada piranha que passa de saia e que implica com você.  Balanço a cabeça, como eu disse, a noite foi muito boa e não quero estragar isso. Amanhã começa um novo ano na escola, um novo ano em  que eu vou  ser muito mais feliz do que fui antes. Amanhã vou ver minha amiga. vou ver meu amor. E  eu vou conseguir ser mais feliz, sim. É uma promessa que eu me faço a partir de agora.

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