terça-feira, 18 de julho de 2017

Angel



Capítulo dois 


Despertador, despertador, despertador. O insuportável som do despertador tocando nos meus ouvidos. Ponho o travesseio sob a cabeça para abafar barulho e aperto os olhos, desejando imensamente que o barulho parasse e eu pudesse voltar a dormir, mas ele continua e continua sem parar. Estico o braço, o jogando no chão e finalmente o barulho para. Sorrio levemente com isso. Viro de frente na cama e abro os olhos devagar. Mais um dia, mais uma vez escola, mais uma vez tudo de novo. É sempre a mesma coisa depois de acordar. Levanto, e a primeira coisa que faço é passar a mão no cabelo o bagunçando ainda mais. Depois ando até a porta do banheiro e estico os braços, seguro na barra de flexão dobrando os joelhos e faço uma serie. Logo após entro no banheiro, tomo banho e visto o uniforme da escola, pegando o meu material. É como um pequeno ritual diário. Alguns diriam que ter um hábito pra levantar todas as manhãs é uma coisa meio de "menininha". Já eu, digo que é o que faz o meu dia funcionar bem. Desço as escadas indo direto para a cozinha tomar café da manhã. Se não fosse o vento passando pelas janelas e alguns empregados passando pelos corredores a casa estaria quase sempre Vazia, por isso não estranho nem  um pouco em não enxergar ninguém.
- como se fosse novidade....- falo sozinho enquanto me sento e balanço a cabeça, rindo baixo. Olho para o calendiario que ficava em uma das paredes, ao lado da mesa e vejo que meus pais tem mais uma viagem marcada para às quatro da tarde, então quando eu chegasse da escola provavelmente não teria ninguém em casa, novamente. Para algumas pessoas pode ser estranho saber notícias dos seus pais por um calendário, mas para mim não, tem sido assim desde sempre. Tomo o café rapidamente e começo a comer as torradas.
- Bom dia, patrãozinho!-  Uma das funcionárias entrou na cozinha. Não gostava de ser chamado assim, não sou eu quem paga o salário deles! ainda mais quando se tem o "inho" no final. Reviro os olhos e quando acabo de mastigar repondo.
- Bom dia- Termino de comer tudo e levanto pegando minha mochila. Saio de casa e entro no carro, tomando o rumo da escola. Assim que chego estaciono na vaga de sempre e saio do carro pegando a mochila. Olho ao redor e vejo as mesmas caras, nada surpreendente novo. Olho para o lado e a vejo chegando. Também não chega a ser algo novo, já que ela se transferiu faz algum tempo. Mas mesmo assim, mesmo que eu a veja todos os dias, sempre tem algo diferente em olhar pra ela. Sempre o coração da um pequeno e bobo salto idiota, que eu impediria se pudesse. Engraçado e irônico chegarmos na mesma hora hoje, já que ela sempre chega mais cedo que eu ou quase todo mundo. Ela desce do carro do pai com a bolsa encima do ombro direito. O cabelo castanho partido para o lado, com  um pequeno laço, daqueles grampinhos que as meninas gostam prendendo a franja. Taylor tinha se mudado pra cá no começo do ano, e desde que começou a estudar aqui, todos os caras queriam sair com ela. E todas as meninas queriam a novidade como amizade -por mais clichê que isso possa ser, é assim que acontece quando se tem "carne nova" na selva-.  E eu não era diferente dessas pessoas, queria muito  ficar com ela. Mas a triste realidade é que ela me dispensou, não me deu a menor chanche. O mundo do colégio, somos de mundo e de grupos diferentes. Eu era tudo que ela diz abominar e muitas dizem querer. Eu andava com pessoas que ela tinha nojo, mas que muitas pessoas gostariam de andar. Eu sou do tipo que não recebia "não" como resposta, e ela é do  tipo que me deu o meu primeiro "não" na vida. Sim, eu era popular e ela se colocou na situação de solidão. Um cara como eu receber um "não" de uma garota como ela, por mais linda que seja, não é nada clichê. Ela foi tão negativa com as pessoas, dizia abominar tanto o "tipo" que acabou ficando sozinha. As pessoas não gostam de quem não gosta delas ou das atividades festeiras, e isso acaba fazendo com que ela fosse esquecida por todos. Menos por mim e pela minha prima, que também era a melhor amiga dela. 
Sigo ela com o olhar, a vendo entrar na escola e seguir com a vidinha tranquila dela, por mais que o pai dela fosse uma figura importante, ela tinha uma vida normal demais. Balanço a cabeça afastando os pensamentos da minha mente, se pensasse por mais tempo no assunto não conseguiria me concontrar em nada mais. 
- Rindo sozinho Horan? Está no mundo da lua de novo?! 
- Se eu estivesse você apareceria só pra me arrancar de lá, não é mesmo, Miles?! - Virei o olhando, ele continha o mesmo sorriso sereno e familar
- Com certeza! Para isso que servem os irmãos de outra mãe!- Sorri com o comentário também, na maioria do tempo não podia evitar desejar que ele fosse meu irmão de verdade. Ele era. Somos amigos desde sempre, desde de que eu descobrir o que uma amizade verdadeira é. Se tem alguém com quem eu possa contar nessa vida, era o Miles!. Até mesmo no enterro da minha avó, quando tínhamos 10 anos, ela era a segunda pessoa mais próxima de mim na família, ele estava lá comigo. Eu não consegui chorar nesse dia, mas se tivesse chorado tennho certeza de que ele teria sido a pessoa a limpar as lagrimas.
- Então, como foram suas férias? - Perguntei, puxando algum assunto
-Boas, normais. - Ele deu de ombros sinalizando que foi tudo normal, mas mordeu o lábio inferior pensativo- Só pensei nela duas vezes na semana 
- Isso é ridículo Miles! Minha prima não vai te morder!- Assim como eu, meu melhor amigo me acompanha em uma paixão não correspondida também, até nisso combinamos. Mas a dele é mais antiga. Ele ama essa garota a exatos três longos anos, e por mais que tenha ficado com outras no caminho, é por ela que ele sempre sofreu. - Tem que falar com ela, não seja um cagão! - Rio  dando um tapinha nas costas dele. Ele balança a cabeça de leve
- Talvez um dia... E suas férias como foram? 
- Normais, legais e chatas. Tudo ao mesmo tempo 
- Você passou a última metade do mês em Veneza! Veneza!. Como pode chamar isso de "mais ou menos"?! 
- Eu não usei exatamente essa expressão pra descrever, e essa foi a parte legal das minhas férias e não a chata- Dou de ombros 
- Qual a chata então? 
- Eu estava com meus pais- Respondi, simplesmente. Ele aceitou a resposta porque isso já explicava tudo. Ele balançou a cabeça em uma afirmativa e aceleramos passo para entrar assim que escutamos o sinal tocar. Entramos e fomos até os nossos armários, um do lado do outro, e pegamos o que iríamos precisar. Seguimos para sala e sentamos em nossos lugares, assim a aula começa. Depois de passada todas as aulas do dia, saímos da sala e fomos em direção ao carro, todos os dias eu levava Miles em casa, era quando saímos pra algum lugar pra falar e fazer alguma merda.
- Até amanha parceiro!- Ele bagunça meu cabelo e sai do carro 
- Até amanhã!- Rio e ajeito o cabelo pra bagunça de antes. Vejo ele entrar e sigo pra casa. Quando chego e entro, não vejo nada além de vento, estou sozinho até que o calendário mostre a marca da volta dos meus pais, de novo.

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